domingo, 3 de agosto de 2008

"Rosas"

"Você pode me ver
Do jeito que quiser
Eu não vou fazer esforço
Prá te contrariar
De tantas mil maneiras
Que eu posso ser
Estou certa que uma delas
Vai te agradar...
Porque eu sou feita pro amor
Da cabeça aos pés
E não faço outra coisa
Do que me doar
Se causei alguma dor
Não foi por querer
Nunca tive a intenção
De te machucar...
Porque eu gosto é de rosas
E rosas, de rosas
Acompanhadas de um bilhete
Me deixam nervosa...
Toda mulher gosta de rosas
E rosas, de rosas
Muitas vezes são vermelhas
Mas sempre são rosas...
Se teu santo por acaso
Não bater com o meu
Eu retomo o meu caminho
E nada a declarar
Meia culpa cada um
Que vá cuidar do seu
Se for só um arranhão
Eu não vou nem soprar..."

E que mulher não gosta de rosas, hein? Ainda mais “Rosas” da Ana Carolina... Oops, eu disse da Ana Carolina? Desculpem, é a força do hábito - péssimo hábito por sinal! A cantora mineira (minha conterrânea), que é também uma compositora de mão cheia, gravou essa canção que tocou nas rádios por esse Brasil a fora em 2006, no Cd intitulado “Dois quartos”. Ao que parece, a única intérprete a gravar “Rosas” foi Ana Carolina. Mas agora vem a parte principal: afinal de contas, quem fez esse versos tão bonitos? Antônio Villeroy, ou Totonho Villeroy, como queiram. Conhecem? Não? Confesso que também não conhecia, mas as suas músicas há muito fazem parte do meu dia-a-dia e aposto que do de vocês também.

ANTÔNIO VILLEROY:

José Antônio Franco Villeroy nasceu no dia 19 de julho de 1.961 em São Gabriel, pequena cidade de vocação agropecuária, localizada na região do pampa gaúcho, perto das fronteiras com o Uruguai e Argentina. Filho de um casal de advogados, Gil Villeroy e Heloiza Franco Villeroy, Totonho, como era chamado carinhosamente pelos familiares, é o filho mais moço, tendo como irmãos Carlos Eduardo e Gastão.
Durante a sua infância, tem as suas primeiras influências através do gosto musical dos pais, amantes do jazz, da música clássica, popular e regional.Era a época dos grandes festivais, dos programas da jovem guarda, da explosão dos Beatles, e de uma profusão de talentos que emergiam na música brasileira. O ambiente era muito favorável, pois o pai era compositor diletante e tocava piano e violão e sempre havia reuniões com música em casa. Foi nessa época que Antonio ouviu algumas das primeiras canções que lhe marcaram e iriam influenciar suas escolhas e seu caminho musical: Bethânia cantando Carcará, Chico Buarque com Pedro Pedreiro, Gilberto Gil com Domingo no Parque, Caetano com Alegria Alegria, Gal cantando Baby, além das músicas dos festivais e dos embalos dos programas de Roberto Carlos. Também foram marcantes os Beatles com Penny Lane e o cantor regional Paixão Cortes cantando João Carreteiro, de autoria de seu pai.

1970/1979 - PORTO ALEGRA E BANDA DE ROCK

Muda-se com a família para Porto Alegre. Ganha aos 13 anos seu primeiro violão e começa imediatamente a interessar-se pela composição. Tirava músicas de ouvido como aprendizado, mas seu maior interesse era fazer suas próprias criações. Participa de alguns festivais secundaristas e monta com os irmãos e amigos uma banda de Rock chamada A Mursa, que tinha como referências Deep Purple, Jimmi Hendrix, Mutantes, O Terço, e bandas gaúchas como Bixo da Seda. Apesar do gosto pelo Rock sempre continuou atento ao que acontecia na MPB e tinha como discos de cabeceira 'Meus Caros Amigos', de Chico e 'Minas', de Milton Nascimento, esse o disco que definitivamente o levaria a querer compor.

1980/1989 - AGRONOMIA, MÚSICA E RIO DE JANEIRO

Ingressa nas faculdades de Agronomia UFRGS e Economia da PUC. Realiza estágios e desenvolve com colegas um projeto de agricultura orgânica. Integra o movimento estudantil, apresenta-se em festivais universitários, como o MusiPuc, famoso por revelar jovens talentos.
Atua com o flautista Pedrinho Figueiredo em bares e mostras universitárias. Participa de showmícios pelas eleições diretas.
Faz seu primeiro show em teatro: 'Do Outro Lado da Rua', e passa a se apresentar em palcos de Porto Alegre e cidades do interior do Estado. Monta com seu irmão, o contrabaixista Gastão Villeroy, com o pianista Rafael Vernet e o baterista Queço Fernandes a Banda CEP 90.000, que, sempre somada a um naipe de sopros, desenvolvia um trabalho híbrido com composições instrumentais e cantadas de autoria de Totonho, desfiando um repertório que ia do samba-funk a baladas com cores jazzísticas.
A partir de 1985 resolve dedicar-se exclusivamente à música. Muda-se para o Rio de Janeiro, onde estuda harmonia funcional com Jan Guest e contraponto com Koellreuter e faz pesquisas nas áreas de história da música e musiocoterapia. Ganha a vida lecionando violão e harmonia e compondo trilhas para espetáculos de teatro e dança.

1990/1996 -TRÂNSITO, EUROPA E BRASIL FESTIVAL

Retorna a Porto Alegre. Grava seu primeiro disco, 'Totonho Villeroy', com participações especiais de Toninho Horta e Renato Borghetti. Recebe por esse disco o Prêmio SHARP de Revelação da Música Popular Brasileira e Prêmio AÇORIANOS na categoria Melhor Disco do Ano. A segunda premiação se repete em 1995 ao gravar o disco 'Trânsito'. A partir de 1994 e até 2006, passa a fazer tourneés regulares pela Europa, onde realiza cerca de 200 apresentações em festivais, casas de jazz e bares de cidades da Alemanha, Suíça, Áustria, Inglaterra, Itália, Portugal, Espanha e França, Essa última tornou-se sua segunda casa, não só pela descendência de seu nome de família, mas também pela afinidade com a língua e o povo francês. É lá que conhece o produtor cultural François Mas, com quem idealiza e passa a produzir a partir de 1996, o maior festival de música brasileira que acontece regularmente na Europa. É o Brasil Festival, evento com entrada franca que acontece ao ar livre em pleno verão europeu na cidade de Sanary Sur Mer, à beira do Mediterrâneo e onde já cantaram artistas como Gilberto Gil, Milton Nascimento, Jorge Benjor, Lenine, Margareth Menezes, Paralamas do Sucesso, Marcelo D2, Ana Carolina, Chico César, Daniela Mercury, Olodum, Elba Ramalho, Carlinhos Brown, Papas da Língua, Fernanda Abreu, Pagode Jazz Sardinha's Club, Bárabara Mendes, Paula Santoro, O Rappa, Skank, Henri Salvador (convidado especial em 2004), Renato Borghetti, Trio Mocotó, Funk'n Lata, Dudu Nobre, Bebeto Alves e Gelson Oliveira entre outros.

1997/2000 - JUNTOS E ANA CAROLINA

Com os parceiros conterrâneos Bebeto Alves, Gelson Oliveira e Nelson Coelho de Castro grava dois discos, 'Juntos 1 Ao Vivo' e 'Juntos 2 Povoado das Águas', que rendem diversos prêmios locais, como o Açorianos de melhor disco do ano (97 e 2000) e de melhor show (97). Com este espetáculo apresentam-se com sucesso em Buenos Aires, Montevidéo, Paris, Munique e Viena.
Apresenta-se com sua banda em Buenos Aires e é convidado a fazer parte do espetáculo e disco homônimo 'Porto Alegre Canta Tangos', com cantores gaúchos de diferentes gerações como Ruben Santos, Lourdes Rodrigues, Vitor Ramil e Luciana Pestano, acompanhados por uma típica argentina com arranjos do maestro Estebán Morgado. O show estréia em Buenos Aires e depois segue com apresentações em Porto Alegre e Roma.
De passagem por Belo Horizonte, assiste a um show da cantora Ana Carolina, que já era bem conhecida regionalmente. Durante a apresentação escreve quatro letras de música, entre elas 'Garganta', que, depois do show, mostra para Ana, que de cara se diz muito identificada com a música. Alguns dias depois Antonio grava e envia para Ana a canção que viria a ser, em 1999, o primeiro sucesso nacional de ambos, ao ser incluído no primeiro álbum da cantora pela BMG. A música foi tema da novela 'Andando nas Nuvens' e passou a ser executada maciçamente em rádios de todo o país. A partir daí começa uma frutífera colaboração entre ambos e que vem a se materializar em inúmeras canções escritas em parceria e outras que Antonio compõe especialmente para Ana e que se tornam grandes hits da música brasileira.

2001/2005 RIO DE JANEIRO E MUITAS CANÇÕES

Tendo Ana Carolina como sua principal intérprete, Antonio Villeroy muda-se novamente para o Rio de Janeiro e passa a ser um dos mais requisitados compositores da MPB. Inúmeros artistas passam a solicitar suas canções que hoje podem ser ouvidas nas vozes de Maria Bethânia, Ivan Lins, Gal Costa, Mart' Nália, Moska, Paula Lima, Sandy e Junior, Vanessa Camargo, Eliana Printes, Bárbara Mendes, Luciana Melo, Preta Gil, Luiza Possi, Daniela Procopio, Ednardo e Belchior entre outros. Entre outros fatos marcantes ele assina sete canções do álbum mais vendido no Brasil em 2005, o Perfil da cantora Ana Carolina (um milhão de cópias).
Sua obra, considerada rica em imagens, harmonias, palavras, cores, repleta de sabedoria e criatividade é também aproveitada pelo cinema nacional. Entre suas criações para o cinema estão 'Amores Possíveis' em parceria com João Nabuco, música tema do longa ganhador do prêmio de Melhor Filme Latino Americano no Sundance Film Festival, 'Sexo, Amor e Traição', em parceria com Eugenio Dale, do longa homônimo de Jorge Fernando, 'From Ruins of a Town' para o filme 'Neptune's Rocking Horse', do diretor nova iorquino Robert Tate, além de uma versão de 'Que me importa dei Mondo', sucesso de Rita Pavone, para o filme 'O Casamento de Romeu e Julieta', de Bruno Barreto.
Sua facilidade com a palavra o torna um homem de muitas línguas. Dentre suas inúmeras canções, algumas foram compostas em diferentes idiomas. 'Una louca tempestad' é um exemplo de que o espanhol e a proximidade com sua terra natal, reforçam seu tom latino. Em seu segundo disco, 'Trânsito', encontram-se a canção 'La vague vá', escrita em francês e 'From Ruins of a Town', em inglês. Em seu mais recente álbum, uma bossa em italiano, 'Siamo Così', em parceria com Daniela Procopio.
Com espírito cosmopolita, Antonio estabelece parcerias musicais com autores e compositores de diversas procedências, como o italiano Antonio Galbiati, fornecedor de hits de Giane Morandi, Laura Pausini e Eros Ramazzotti, e com americanos, como Don Grusin, Charles Midnight, Jeff Franzel, Eve Nelson, Rich Nehars, Rhyan e Marshall Altman.
Lança em 2004, pelo seu selo Pic Music, o seu primeiro álbum gravado ao vivo é indicado ao Grammy Latino 2005 de melhor canção da Língua Portuguesa com a bossa 'São Sebastião' dedicada à cidade do Rio de Janeiro, uma obra-prima segundo o cineasta Walter Lima Jr.

2006/2007 UM PASSO À FRENTE

Em 2006, para marcar um passo à frente na sua carreira, se firmar também como intérprete e expandir o mercado internacional, Totonho passa a assinar Antonio Villeroy.
É lançado em CD e DVD o show 'Sinal dos Tempos', gravado ao vivo com a participação da Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro de Porto Alegre, das cantoras Ana Carolina e Daniela Procópio e do compositor e pianista João Donato.

O cara não é uma fera? Merece nossos aplausos! A biografia foi retirada de seu site, http://www.totonhovilleroy.com.br/. Neste site vocês encontrarão muitas informações sobre sua vida e obra e eu garanto: vale a pena conhecer o trabalho deste compositor!

12 comentários:

Anônimo disse...

Dá pra se notar que vc tá direcionando seu blog para o reconhecimento da arte e do autor.
Estava na hora de se elevar um pouco mais nosso conhecimento além da simples interpretação de quem executa ou escuta a arte, ou até mesmo a vê, ou a toca, e vc está fazendo isso acontecer de uma maneira sutil e objetiva com suas homenagens e principalmente, sua pesquisa.
Parabéns !

Anônimo disse...

Muito bom o blog e as musicas são ótimas.............. e os compositores são muitos bons
Eu queria que vc colocasse musicas dos mamonas!!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Carol tá demaais acho super bacana isso de você contar a historia sobre as letras das musicas ate porque quem faz sucesso sao os artistas que cantam e não os que compoem..Beeijo!

Anônimo disse...

Eiii Carol muito interesante seu Blog, realmente vc tem um gosto musical muito bom..... adorei muito!!!!
Coloca umas musicas aí do Nando Reis.... são muito boas tb!!!
Bjus!!!!

Unknown disse...

Oi Carol!!....tudo bem??
Parabéns pela iniciativa! mto legal a idéia de ressaltar a importancia dos autores, pois esses merecem todo o reconhecimento por suas belas artes!
bjao!
Raquel

Anônimo disse...

Eu achei ótimo,porque estamos conhecendo mais a história de pessoas maravilhosas e tão inteligentes que conseguem passar para a música sentimentos que não sabemos transmitir.Você está de parabéns.Maravilhosa,beijos!

Unknown disse...

Tá legal seu blog,Carol, muito boa essa sua idéia, vc tem que pôr agora uma do Engenheiros do hawaii, Paralamas, Titãs, alguma coisa desse tipo, né?

Até o próximo comentário, bju!

Anônimo disse...

Eu me surpreendi com a qualidade desse blog. Está muito bom!!!
Parabéns Carol por esse lindo trabalho...grande beijo!

Unknown disse...

Mais uma vez estou aqui pra falar desse blog, esse trabalho quase perfeito q está sendo feito pela Carol,uma ótima idéia, como td mundo já sabe e tá cansado de falar, mas está faltano aí um pop rock nacional.

Bj

Unknown disse...

Parabéns pelo blog!!!!!!!! Bem pesquisado e com texto amarradinho. Coloca, por favor, Tom Jobim. Adoro as composições dele.Obrigado e até mais!

Joel Marques disse...

Estou pensando em voltar para mim, isso mesmo, pra dentro de mim, de fora pra dentro, pois andei meio sem rumo procurando o que eu sou e onde deixei meu coração vagabundo, desencontrei-me em caminhos tortuosos e reencontro-me em você, velha vida desajustada e contidiana, mas a única que tenho.
Aceite-me de volta!

Antonio Villeroy disse...

Olá Carol. Muito legal o seu blog. Grande ideia pensar em nós, compositores. Obrigado pela lembrança e pelo capricho. beijos. Antonio Villeroy