terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Filho adotivo"

No Dia dos pais eu quis fazer uma homenagem ao meu querido pai postando aqui uma música que ouvia muito quando criança: "Filho adotivo". Essa música me marcou pela emoção tão intensa que me provocava sempre que a ouvia, emoção que pingava dos meus olhos. Ainda hoje choro ao ouvir versos de uma beleza muito mais que poética, é uma beleza de um sentimento, beleza que está no conteúdo, na mensagem passada através da melodia, das rimas, dos versos. Essa música é, para mim, uma lição de vida.
Pouca coisa eu havia encontrado a respeito de seus compositores e citei apenas alguns dados sobre a vida de Sebastião Ferreira. Fiz aqui um apelo a quem soubesse qualquer coisa sobre o outro compositor: Arthur Moreira e como a vida é uma caixinha de surpresas, recebi não só informações, mas uma biografia belíssima escrita e enviada pelo próprio autor. Então, para aqueles que estavam curiosos para descobrir um pouquinho do que foi e é Arthur Moreira, aí está:

ARTHUR MOREIRA

Por ele mesmo...

"NASCI EM SÃO PAULO CAPITAL, MEU NOME É ARTHUR FREDERICO MOREIRA, FILHO DE GUARACY MOREIRA E YARA DO ROSÁRIO MOREIRA. SOU VIOLONISTA CLÁSSICO E POPULAR, TOCO ALGUNS INSTRUMENTOS DE CORDA E PERCUSSÃO. CRESCI NUMA CIDADEZINHA CHAMADA TREMEMBÉ, NO VALE DO PARAIBA. MEU PAI ERA FUNCIONÁRIO PUBLICO, MINHA MÃE DONA DE CASA E, GRANDE PIANISTA QUE ERA, FOI FAZENDO COM QUE EU DESDE PEQUENO COMEÇASSE A ME INTERESSAR POR MÚSICA.
NA ÉPOCA A JOVEM GUARDA IMPERAVA NO PAÍS, ROBERTO CARLOS, HOJE MEU AMIGO, COMANDAVA OS PROGRAMAS DOMINGO À TARDE, PELA TV RECORD, EM QUE, APENAS A TITULO DE ILUSTRAÇÃO, O IBOPE CHEGAVA A 80 PONTOS, ALGO NUNCA VISTO NO COMPLEXO TELEVISIVO DO PAÍS. FOI OUVINDO O PESSOAL DA JOVEM GUARDA, BEATLES, BEE GEES E OUTROS QUE NASCEU EM MIM A VONTADE DE SER ARTISTA
TODOS OS FINAIS DE SEMANA EM CASA JUNTAMENTE COM MINHA MÃE E MEU PAI QUE ARRISCAVA CANTAR, ALGUMAS CANÇÕES DE NELSON GONÇALVES E QUE SE ORGULHAVA MUITO EM TER SIDO SEU AMIGO DE INFÂNCIA.
AS FESTAS COM MUITA MÚSICA ACONTECIAM E EU SEMPRE NO MEIO DOS MAIS VELHOS, COM O MEU ACORDEON QUE GANHEI DA MINHA AVÓ RAFAELA, ME METIA NO MEIO, MAS MEU INSTRUMENTO VERDADEIRO ERA O VIOLÃO. NESSA OCASIÃO, EU TINHA APROXIMADAMENTE 07 ANOS DE IDADE, E JÁ COMEÇAVA A FAZER ALGUMAS “MUSIQUINHAS” NO QUE MINHA MÃE ME INCENTIVAVA MUITO, DIZENDO QUE AS MÚSICAS ERAM LINDAS (COISAS DE MÃE), AQUI VALE DIZER QUE COMECEI MINHA CARREIRA COMO PRETENDENTE A SER ARTISTA BEM CEDO.
O MAIS INTERESSANTE É QUE EU FINGIA QUE TOCAVA NO MEIO SÓ DE FERAS: MINHA MÃE, SEU DIB, SEU CLARO, VERMELHO, DONA ADELINA, SEU DOMINGOS, PAREDÃO, ENFIM, ERAM TANTOS ARTISTAS ANÔNIMOS, DENTRE OS QUAIS HOJE A MAIOR PARTE, INFELIZMENTE, JÁ NÃO ESTA ENTRE NÓS.
COMECEI ENTÃO A ACREDITAR QUE ERA COMPOSITOR, E, NO JARDIM DA IGREJA DE TREMEMBÉ, TOCÁVAMOS SEMPRE SENTADOS NAS RAÍZES DAS IMENSAS ÁRVORES DE SERIGUEIRA E FIZEMOS UM CONJUNTO MUSICAL CHAMADO OS TREMEMBÓYS. EM TODAS AS FESTAS ÉRAMOS CHAMADOS: NO CLUBE DA CIDADE, NA FESTA DE AGOSTO, BAILES EM GARAGEM, NO CORETO FESTAS DE ANIVERSÁRIOS, ETC...
JÁ ESTAVÁMOS FICANDO “FAMOSOS”. LUIS CLAUDIO (EM MEMÓRIA), CLAUDIO CHAGAS, AMAURI CEBEIRA, GUARACY MOREIRA FILHO (MEU IRMÃO), LUIS HENRIQUE, ALBERTO RONCONI, E EU.
EU FAZIA AS MÚSICAS, ENSAIÁVAMOS, E EXECUTÁVAMOS NO CONJUNTO, E ASSIM A VIDA CONTINUAVA. PELO MENOS EM TREMEMBÉ ÉRAMOS CONHECIDOS, RSRS...
UM GRANDE CANTOR DO CONJUNTO ERA O LUIS CLAUDIO, QUE NA ÉPOCA, NOS ANOS 60, GRAVOU DUAS MÚSICAS DE NOSSA AUTORIA: “SEM O SEU CARINHO” E “SEMPRE EU FUI TRISTE”. FOI UM SUCESSO FORA DO COMUM, EM TREMEMBÉ E TAUBATÉ, MAS JÁ ERA UM BOM COMEÇO. EU APROXIMADAMENTE COM 10/11 ANOS DE IDADE, COM DUAS MÚSICAS GRAVADAS, INICIALMENTE EM ROTAÇÃO 78 E DEPOIS EM COMPACTO SIMPLES. PRA MIM ERA UMA IMENSA VITÓRIA
QUANDO FIZ 15 ANOS, JÁ ACHAVA QUE ERA CANTOR E COMPOSITOR, O MAIOR PROBLEMA ERAM AS FREQÜENTES PERGUNTAS QUE AINDA FICAVAM NO AR: SERÁ QUE ESSA MÚSICA QUE EU FIZ NÃO SE PARECE COM NENHUMA QUE JÁ EXISTE?, TENHO CERTEZA QUE TODO COMPOSITOR JÁ PASSOU POR ISSO, MAS ALÉM DISSO TAMBÉM FUI MODELO FOTOGRÁFICO, FIZ PONTA EM NOVELA DA TV RECORD, FUI MÚSICO DE CALOURO DO PROGRAMA BARROS DE ALENCAR, TAMBÉM NA TV RECORD, TOQUEI COM TANTOS ARTISTAS EM CIRCOS E FORRÓS COM MUITA HONRA QUE EM NOME DE ALGUNS CANTORES EU RENDO MINHAS HOMENAGENS A TODOS:
ANTONIO MARCOS, PAULO SÉRGIO, NILTON CESAR, PERLA, SÉRGIO REIS GERALDO NUNES, LUIS CARLOS(RAÇA NEGRA)ETC...
EM 1967 CONHECI O GRANDE ÍDOLO ANTÔNIO MARCOS, QUE, MAIS TARDE, TORNOU-SE UM GRANDE AMIGO MEU. PASSAVA PELA CIDADE DE TREMEMBÉ, PARA VISITAR UM AMIGO SEU, O GUIZARD, QUE ERA FILHO DO PREFEITO DE TAUBATÉ, MAS A FAMÍLIA DO PREFEITO MORAVA EM TREMEMBÉ, E COM ANTÔNIO MARCOS MINHA VONTADE DE SER ARTISTA TRIPLICOU, FOI QUANDO ELE OUVIU VÁRIAS MÚSICAS MINHAS E GOSTOU DA MINHA MANEIRA DE COMPOR, ME INCENTIVANDO DEMAIS A NÃO DESISTIR
FOI AÍ QUE, NUM DETERMINADO DIA, FUGI DE CASA E FUI PARA SÃO PAULO TENTAR A VIDA ARTÍSTICA. NO INÍCIO NÃO DEU MUITO CERTO, PORQUE AINDA ERA MENOR E MEU PAI LOGO ME ENCONTROU, MAS POUCO ANTES DE 1970 VOLTEI PARA SÃO PAULO OUTRA VEZ DE CARONA NA DUTRA, E A MINHA MÃE ME DEU O ÚNICO DINHEIRINHO QUE ELA TINHA ESCONDIDO DO MEU PAI, E FALOU: 'FILHO, CUIDADO! VÁ, MAS FIQUE NA CASA DE SUA AVÓ, NO BAIRRO DO BELÉM.'
PORÉM, MEU MAIOR PROBLEMA ERA QUE MINHA VÓ TINHA MUDADO E EU NÃO SABIA COMO ENCONTRÁ-LA, E AÍ COMEÇOU MINHA CAMINHADA, DIFICIL MAS EU ERA MUITO FELIZ. COM CARA DE MENINO, 16 ANOS, COMECEI A TOCAR NA NOITE PAULISTANA. DORMIA EM QUALQUER LUGAR, NA BOITE, NOS BARES, NA RUA, NA RODOVIÁRIA, SEMPRE COM MEU VIOLÃO COMIGO, AMIGO INSEPARAVÉL DE SEMPRE ATÉ HOJE.
FOI AÍ QUE COMECEI A CANTAR EM PROGRAMAS DE CALOUROS E A GRAVAR ALGUMAS MÚSICAS COM CANTORES SEM NOME, COMO: MESSIAS MARIANO, JOÃO CLEIDISON, PAULO SESTÉRIO, DEJAIR, TUTI, HERLOM; DENTRE OUTROS, E EU MESMO, ARTHUR MOREIRA. MAS SUCESSO MESMO, NA ÉPOCA FOI O MESSIAS MARIANO, TOCOU BEM EM VÁRIAS CIDADES E ESTADOS (MÚSICA “TENHO QUE SAIR DESSA”)
EU GRAVEI CANTANDO UMA MÚSICA ANTES DE 70, COM O TÍTULO DE GAROTA ILHA PORCHAT, QUE ERA TEMA DOS DESFILES DE MISSES DO CLUB ILHA PORCHAT, MÚSICA MINHA E DE LENITA MIRANDA DE FIGUEIREDO, UMA GRANDE JORNALISTA NA ÉPOCA, QUE EU CONHECI. NUNCA MAIS A VI, E, AOS POUCOS, FUI ENTRANDO NO MEIO ARTÍSTICO E CONHECENDO PESSOAS QUE MUITO ME AJUDARAM. QUEM ME AJUDOU DEMAIS NO COMEÇO E ATÉ HOJE FOI JESUS CRISTO, E DEPOIS, GERALDO ALVES, BORBINHA, BARROS DE ALENCAR, HENRIQUE GASTALDELO, OSMAR NAVARRO (GRANDE POETA), E OUTROS, QUE VIRAM EM MIM ALGUMA COISA E ME DERAM A MÃO, ME IMPULSIONANDO DE VEZ PARA O MEIO DO MEIO ARTÍSTICO. AÍ, GRAÇAS A DEUS, NÃO PAREI MAIS.
GRAVEI CANTANDO EM INGLÊS, EM PORTUGUÊS, FUI PRODUTOR DE DISCOS NA ANTIGA RCA VICTOR, MÚSICO DE ESTÚDIO, VIAJEI A AMÉRICA LATINA QUASE QUE TODA TOCANDO E CANTANDO E ATÉ QUANDO DEUS QUISER VOU CONTINUAR COMPONDO E GRAVANDO. POSSUO HOJE APROXIMADAMENTE 900 MÚSICAS GRAVADAS, SEM CONTAR REGRAVAÇÕES E ALGUMAS VERSÕES.
PODERIA FALAR MUITO MAIS COISAS A MEU RESPEITO, MAS PREFIRO QUE MINHAS CANÇÕES FALEM POR MIM
TENHO QUE DIZER QUE MINHA FILHA DÉBORAH MOREIRA FOI LANÇADA POR MIM EM 1995 E FOI NA ÉPOCA REVELAÇÃO INFANTIL DO ANO COMO DÉBORAH DEB, COM A MÚSICA DE MINHA AUTORIA “AQUELE GATO” E HOJE 2008 JÁ ESTÁ PREPARANDO SEU NOVO ÁLBUM
PRIMEIRAMENTE, EU AGRADEÇO A DEUS PELO POUCO QUE SOU, QUE PRA MIM REPRESENTA MUITO, E, EM SEGUIDA, AGRADEÇO A TODOS OS MEUS AMIGOS E A TODAS AS PESSOAS QUE DE UMA MANEIRA OU DE OUTRA ACREDITARAM EM MIM, E AS QUE ME CONHECEM PESSOALMENTE, SABEDORAS DA MINHA ÉTICA, DO MEU CARÁTER E DA MINHA CONDUTA, E DO MEU TALENTO, SENDO SEMPRE AMIGO DE TODOS, COMO ARTISTA E TAMBÉM NA MINHA OUTRA PROFISSÃO QUE TANTO AMO, E ATRAVES DESTA PROFISSÃO, O MEU COMPROMISSO COM A SOCIEDADE É 24 HORAS POR DIA, COM O MEU MAIOR CARINHO.
NÃO POSSO ME CALAR DIANTE DE TANTA COISA QUE APRENDI E VI NO MEIO ARTÍSTICO NESSES POUCO MAIS DE 40 ANOS DE MÚSICA.
MÚSICA É LUZ, PAZ, É A PALAVRA DE DEUS EXPRESSA NA MENTE DO COMPOSITOR E DO CANTOR, É A INTUIÇÃO DIVINA, ONDE SOMOS ESCOLHIDOS PELO COSMOS PARA MOSTRAR AO POVO AQUILO QUE DEUS NOS RESERVOU E INCUMBIU POR DESTINO.
SOU FELIZ POR SER O QUE SOU
FAÇO QUESTÃO DE DIZER QUE NUNCA FUI CLASSE “A”
SOU POPULAR, BREGA, E FALO, CANTO E FAÇO AQUILO QUE O POVO ENTENDE.
JAMAIS EM MINHA VIDA VOU RIMAR: ”PARAFUSO COM PREGO”, COMO MUITOS POR AI QUE SÃO CONSIDERADOS GÊNIOS.
AGRADEÇO AOS MEUS PAIS POR DAREM A VIDA E A DEUS POR AINDA ESTAR POR AQUI.
QUE TODOS SEJAM ABENÇOADOS, E ESPECIALMENTE A VOCÊ CAROL, QUE ESTÁ RESGATANDO PESSOAS QUE FAZEM A ALEGRIA DO POVO E NEM POR UM SEGUNDO SÃO RECONHECIDOS"

Fala sério, né, gente... quem agradece somos nós! Além de tudo isso, eu ainda posso dizer que esse cara é uma simpatia!

Galera, continuem participando! Sejam anônimos, compositores, cantores, amantes da música, não importa, esse blog é de todos e eu faço questão da presença de cada um de vocês, reclamando, pedindo música, criticando, elogiando e especialmente prestigiando os nossos poetas mais populares.

Grande beijo a todos!!!

domingo, 7 de setembro de 2008

"Deixa a vida me levar"

"Eu já passei
Por quase tudo nessa vida
Em matéria de guarida
Espero ainda a minha vez
Confesso que sou de origem pobre
Mas meu coração é nobre
Foi assim que Deus me fez...
E deixa a vida me levar
(Vida leva eu!)
Deixa a vida me levar
(Vida leva eu!)
Deixa a vida me levar
(Vida leva eu!)
Sou feliz e agradeço
Por tudo que Deus me deu...
Só posso levantar as mãos pro céu
Agradecer e ser fiel
Ao destino que Deus me deu
Se não tenho tudo que preciso
Com o que tenho, vivo
De mansinho lá vou eu...
Se a coisa não sai do jeito que eu quero
Também não me desespero
O negócio é deixar rolar
E aos trancos e barrancos lá vou eu!
E sou feliz e agradeço
Por tudo que Deus me deu..."

Letra e melodia que traduzem alegria, fé, otimismo, enfim, o espírito do brasileiro. O refrão é conhecidíssimo de todos e tenho certeza de que muita gente já o cantou ou falou em tom de brincadeira diante de alguma situação sobre a qual não havia o que fazer.
Gravada em 2.002 pelo sambista Zeca Pagodinho, no disco que levou o mesmo título da música, "Deixa a vida me levar" se tornou o hino da seleção brasileira de futebol na conquista do pentacampeonato no mesmo ano em que foi lançada, demonstrando a identificação do clima de alegria e de festa com a música. Quem tem mania de reclamar de tudo deveria ouvir bastante esses versos cantados por Zeca e perceber que apesar dos pesares o segredo é "levantar as mãos pro céu, agradecer" a Deus pelo presente que é a vida. E como diz uma outra música de que gosto muito: "...somos nós que fazemos a vida, como der ou puder ou quiser..."
Além de estar na boca do povo, "Deixa a vida me levar", conquistou o Grammy Latino em 2.003 e o Prêmio Tim em 2.004 como melhor samba.
Apesar de essa música combinar com a imagem do cantor que a gravou, Zeca Pagodinho, não é ele o compositor. Serginho Meriti, é esse o dono desse samba que conquistou o Brasil. Eu disse "dono", mas, na verdade, não trata-se disso. Como disse-me certa vez um grande amigo meu, a música não é uma propriedade como um pedaço de terra, por exemplo, ela não tem fronteiras e é de todos os que com ela se identificam e eu acho que a beleza está exatamente nisto: em todos se sentirem um pouquinho donos daqueles versos, de todos sentirem que aquela música é deles. Agora falemos sobre o grande criador de "Deixa a vida me levar":

SERGINHO MERITI

Sérgio Roberto Serafim, seu nome de nascimento. Filho de Felisbino Antônio Serafim, um gaúcho dos pampas, violonista e boêmio já falecido- e de dona Nair Antônio de Oliveira 80 anos, cantora soprano e compositora de hinos para a Assembléia de Deus - Sérginho Meriti nasceu em Madureira, mas foi criado em São João do Meriti, daí o apelido que mais tarde o consagraria. Com pais músicos, o DNA musical certamente falou mais alto e aos 27 anos, em 1.986, Serginho entrou em estúdio pela primeira vez ao lado de Neguinho da Beija-flor, Dicró, entre outros, para gravar seu primeiro sucesso: "Balanço do Mar", em parceria com Carlinhos PQD, pela extinta Tape Car.
Sempre apaixonado por MPB, fundou, junto com Jorge Ben Jor, o conjunto Copa 7 e os Devaneios, nos anos 70, e o Movimento Swing, cujas primeiras sementes foram lançadas por Wilson Simonal, na década de 60. A aceitação foi tão boa que resultou em dois LPs com o título Som Copa 7 nº 1 e nº 2.
Mas o salto para a fama se deu através do seu padrinho musical, Roberto Menescal, que o levou para a gravadora multinacional, Poligram, em 1989. Daí em diante ele não parou mais.
São 376 composições gravadas por nomes como Zeca Pagodinho, Alcione, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Alcir Marques, Bandeira Brasil, Toninho Geraes, Martinho da Vila, Cidade Negra, Belo, Exalta Samba e Evandro Mesquita (ex-Blitz) entre outros. Algumas de suas composições entraram para a história da música brasileira, como "Quando Eu Cantar" (que ficou conhecida como "Iáiá Iáiá") gravada por Zeca Pacodinho e "Negra Ângela", na voz de Neguinho da Beija-Flor. Em 2.003 e 2.004, como já citado acima, ganhou o GRammy Latino e o Prêmio tim, respectivamente, com a canção "Deixa a Vida me Levar". Só para se ter uma idéia do valor desse prêmio, Serginho Meriti foi às finais com dois monstros sagrados da nossa música: Milton Nascimento e João Bosco.
O compositor entrou em estúdio mais uma vez para gravar, pela Astral Music, sua nova casa o CD "Luz do Nosso Povo",produção de Cláudio Guimarães. Neste novo trabalho, estão antigos sucessos revisitados por Serginho Meriti, além de músicas inéditas como a que dá título ao CD.

Gostaram? Eu amei falar sobre essa música que eu adoro!
A biografia e outros dados sobre Serginho Meriti e sobre a música "Deixa a vida me levar" foram retirados dos sites: http://www.astralmusic.com.br/serginhomeriti.html e http://www.zecapagodinho.com.br/portugues/discografia/

Então, galera, o que eu tenho a dizer é que curtam essa vida porque ela é linda demais! Ah, quero dedicar a música de hoje a uma pessoa p'ra lá de especial na minha vida: minha prima, quase irmã, Naná!

Beijos a todos!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

"Epitáfio"

"Devia ter amado mais,
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos,
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier"

Já teve a sensação terrível de arrependimento? No bom português do dia-a-dia, devia ter feito isso... devia ter feito aquilo... Acho que todos já sentimos vontade de voltar e aproveitar mais, aproveitar quem sabe até o próprio sofrimento.
Acho essa música fantástica e já há um tempinho queria colocá-la aqui, mas na semana passada tive a oportunidade de pensar mais a fundo sobre ela e fiquei mais fascinada. Como levo sempre aos alunos estrangeiros músicas brasileiras, resolvi levar Epitáfio e ao explicar a letra fui percebendo a grandiosidade desses versos. O título remete à morte, mas os versos alertam para a vida. É como se o sujeito poético nos dissesse: "Ei, a vida é agora! Depois que morrer não adianta lamentar..." Pesquisando sobre essa música, li em algum blog, do qual já não me lembro mais o nome, a seguinte frase: "Não deixe para o epitáfio, escreva hoje a história da sua vida". Acho que essa frase resume a idéia dessa música.
Com certeza todos vocês sabem que "Epitáfio" foi gravada pelos Titãs, gravação que fez bastante sucesso, mas nem todos sabem de quem é a autoria, certo? Sérgio Britto. É esse o nosso poeta de hoje.

SÉRGIO BRITTO:

Sérgio de Britto Álvares Affonso é o único carioca dos Titãs, mas deixou o Rio ainda bebê, logo depois que nasceu, no dia 18 de setembro de 1959. Ele e os irmãos, Rui e Gláucia, moravam em Brasília quando em 1964 os militares tomaram o poder e o pai deles, o então deputado federal Almino Afonso, líder do PTB na Câmara e inimigo feroz da ditadura, teve que deixar o Brasil para não ser preso. Um ano depois, quando Fábio, o caçula, já havia nascido, a família toda saiu do país. Durante os nove anos de exílio forçado, Sérgio Britto morou no Chile e acabou sendo alfabetizado em castelhano.
Britto cresceu ouvindo Beethoven, Chopin e outros monstros sagrados da música clássica que o pai escutava, mas até os 13 anos seu desejo era um só: ser pintor. Graças à irmã, que tinha aulas de violão, descobriu o disco "Help", dos Beatles, e passou a se interessar por música. Com 14 anos, ao voltar para o Brasil, teve as primeiras aulas de piano. Nessa época ouvia Yes, Emerson, Lake & Palmer, The Who, Led Zepellin, The Beach Boys e muita MPB. Logo depois passou a dedilhar o violão que a irmã deixava encostado num canto.
Já de volta ao Brasil, foi estudar no colégio Equipe. Mas enquanto os outros titãs se embrenhavam em bandas e festivais, Britto compunha sozinho, em casa, dividindo-se entre a música e os textos do poeta tropicalista Torquato Neto, que se suicidara em 1972. A obra de Torquato inspirou Britto a fazer suas primeiras músicas, como "Go back", cuja letra ele musicou e acabou fazendo parte do LP de estréia dos Titãs. Na mesma época, fez "Os Olhos do Sol", gravada somente em 2000, quando Britto lançou seu disco solo. No Equipe, o tecladista conheceu Arnaldo Antunes e com ele passou a fazer suas primeiras composições a quatro mãos. Quando os Titãs se reuniram informalmente em 1981, na "Idade da Pedra Jovem", Britto fez sua estréia numa banda.
O tecladista é o compositor com maior número de canções gravadas nos Titãs, entre elas sucessos como "Marvin" (com Nando Reis), "Homem Primata" (com Marcelo Fromer, Nando Reis e Ciro Pessoa), "Comida" (com Fromer e Arnaldo Antunes), "Miséria" (com Arnaldo e Paulo Miklos) e a recente "Epitáfio".
Em 1994, ao lado de Branco Mello e da baterista Roberta Parisi, Britto formou a banda Kleiderman, que lançou um único disco ("Con el Mundo a Mis Pies") pelo selo Banguela, criado pelos Titãs em parceria com a WEA. Em 2001, Britto mostrou seu trabalho pessoal no disco solo "A Minha Cara", reunindo 13 canções de sua autoria e parcerias com Fromer e Arnaldo Antunes.Britto mora em São Paulo, é casado com Raquel Garrido e é pai de José, nascido em 1999, e de Júlia, que nasceu no ano passado.

Gostaram? Eu adorei conhecer a história desse artista que, até ontem, era, para mim, mais uma parte dos Titãs. Que vergonha... mas eu via Titãs como um grupo, não enxergava os integrantes como indivíduos únicos, com funções e talentos diferentes. A biografia de Sérgio Britto foi retirada do site oficial dos Titãs: http://titas.net/ Neste site vocês encontram muitas coisas interessantes: as biografias dos integrantes, notícias sobre os Titãs, fotos, vídeos, a história da banda e também o blog de Sérgio Britto, no qual podem deixar comentários, fazer perguntas e o compositor responde a todos.
Espero que essa música lhes traga a vontade de não deixar nada para depois e de degustar cada pequena coisa que a vida nos oferece, como o pôr-do-sol.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

"Filho adotivo"

"Com sacrifício eu criei meus sete filhos
do meu sangue eram seis
e um peguei com quase um mês
fui viajante, fui roceiro, fui andante
e pra alimentar meus filhos
não comi pra mais de vez
sete crianças, sete bocas inocentes
muito pobres mas contentes
não deixei nada faltar
foram crescendo, foi ficando mais difícil
trabalhei de sol a sol
mas eles tinham que estudar
meu sofrimento, ah! meu Deus, valeu a pena
quantas lágrimas chorei,
mas tudo foi com muito amor
sete diplomas,
sendo seis muito importantes
que a custa de uma enxada
conseguiram ser doutor
hoje estou velho, meus cabelos branqueados
o meu corpo está surrado
minhas mãos nem mexem mais
uso bengala, sei que dou muito trabalho
sei que às vezes atrapalho
meus filhos até demais
passou o tempo e eu fiquei muito doente
hoje vivo num asilo
e só um filho vem me ver
esse meu filho,
coitadinho, muito honesto
vive apenas do trabalho
que arranjou para viver
mas Deus é grande,
vai ouvir minhas preces
esse meu filho querido
vai vencer, eu sei que vai
faz muito tempo
que não vejo os outros filhos
sei que eles estão bem
não precisam mais do pai
um belo dia, me sentindo abandonado
ouvi uma voz bem do meu lado
'pai, eu vim pra te buscar
arrume as malas
vem comigo, pois venci
comprei casa e tenho esposa
e o seu neto vai chegar'
de alegria, eu chorei e olhei pro céu
obrigado meu senhor a recompensa já chegou
meu Deus proteja os meus seis filhos queridos
mas foi meu filho adotivo
que a este velho amparou"

Como o domingo passado foi dia dos pais, resolvi fazer aqui uma merecida e emocionada homenagem ao meu pai. A história contada nos versos desse clássico da música sertaneja nada tem a ver com a minha vida, mas, tendo um pai que adora esse estilo musical, cresci ouvindo essa música e devo confessar que todas as vezes em que eu a ouvia, as lágrimas rolavam sem que eu as pudesse impedir. Ainda que pudesse fazê-lo, penso que não deveria, afinal, a emoção é para transbordar mesmo. Não lembro-me bem o que exatamente me fazia chorar ao ouvir “Filho adotivo”, mas acho que eu sentia pena desse pai. Que bobagem! Hoje eu vejo tudo de uma forma completamente diferente. Tenho pena é desses filhos que não sabem perceber a graça que é ter um pai.
Não sei em que se inspiraram os compositores. Talvez baseados em histórias vividas ou sabidas, talvez tenha sido apenas o “fingimento poético” de que nos fala o grande poeta Fernando Pessoa. Mas o fato é que, apesar de ser uma música bastante antiga, é, infelizmente atualíssima. Digo infelizmente porque é uma tristeza ver que muitos filhos maltratam, agridem, matam aqueles que lhes deram a vida. Hoje soube de uma notícia, a qual não consigo sequer adjetivar tamanho o horror que eu sinto por imaginar a cena: uma garota de 21 anos colocou fogo na mãe. Horrível? Muito. Triste? Demais. O fim do mundo? Talvez. Será que alguém que faz pouco do pai é capaz de amar? Atrevo-me a dizer que não.
Esta é uma das músicas sobre a qual tive mais dificuldade em comentar. Entre outros motivos, isso se deve ao fato de que não encontrei quase nada a respeito de seus compositores. Por falar neles, vocês sabem quem são? Se estou certa, a maioria respondeu que não. Sebastião Ferreira da Silva e Arthur Moreira. São esses os responsáveis por tantas lágrimas que derramei todas as vezes em que meu pai ligava seu radinho e ouvia Sério Reis. Naquela época, eu, e tenho certeza de que meu pai também, jurava que Filho adotivo era do cantor. Que injustiça! Sobre Arthur Moreira eu não encontrei absolutamente nada, somente seu nome citado como sendo um dos autores dessa música. Sobre Sebastião Ferreira, encontrei o que verão a seguir:

SEBASTIÃO FERREIRA DA SILVA:

Radialista e compositor. Ainda criança começou a trabalhar como porteiro na Rádio Cruzeiro do Sul em São Paulo. Foi operador técnico na mesma rádio, e, mais tarde, radialista. Trabalhou durante 28 anos na Rádio Globo e, por dois anos, na Rádio Record, ambas em São Paulo. Nos anos 1970 descobriu artistas que depois obtiveram sucesso, como Sidney Magal e Lady Zu. Como compositor, compôs, também nos anos 1970, o clássico sertanejo "Filho adotivo", que teve várias gravações. Teve composições gravadas por diversos artistas, entre os quais Moacyr Franco, Nilton César, Ângela Maria, Carmem Silva, Evaldo Braga, Amado Batista e Jerry Adriani. Tem 22 composições gravadas por Altemar Dutra. Todo esse repertório de cantores que gravaram suas criações me leva a crer que o compositor é especialista em músicas chamadas “bregas”.

Infelizmente foi somente isso o que pude conhecer sobre Sebastião Ferreira, o que me leva a fazer aqui um apelo: Por favor, quem tiver qualquer informação sobre os compositores dessa música que é tão especial para mim, nos presenteie participando através dos comentários. Vale lembrar que esse blog não é meu, é nosso e deve ser construído por todos. Conto com a participação de vocês!

Quero dedicar a postagem de hoje ao meu querido pai. Se seu pai estiver por perto, dê-lhe um beijo, se não estiver, faça-o estar. Pai, eu amo você!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

"Romaria"

"É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido
Em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De jibeira o jiló
Dessa vida
Cumprida a só
Sou caipira, pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
Meus irmãos
Perderam-se na vida
À custa de aventuras
Descasei, joguei
Investi, desisti
Se há sorte
Eu não sei, nunca vi
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Prá pedir de
Romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar
Meu olhar"

Se eu tivesse que resumir em apenas uma palavra o que é essa música, eu a definiria como: emocionante. É, E M O C I O N A N T E ! Já pararam para pensar o que esses versos dizem? Bem, na verdade eu não o fiz e nem farei. Como disse, essa música é, para mim, emoção e eu acho que seria um pecado ficar pensando sobre ela. Sua melodia e sua letra me fazem sentir e a música, tal como a poesia, é isso: sentimento, não acham?
Gravada pela grande Elis Regina, cantada por tantos sertanejos e conhecida pelos quatro cantos do país, "Romaria" é o maior sucesso de Renato Teixeira, cantor e compositor.

RENATO TEIXEIRA:

Por ele mesmo...

"Confesso que não é nada fácil ter que contar minha história. Viver é uma coisa tão normal, que não vejo diferença nenhuma entre a vida de um artista e de qualquer pessoa. Entretanto, num determinado momento de nossa carreira, o trabalho que realizamos começa a ganhar notoriedade e a curiosidade aumenta, então a gente conta alguma coisa...Muitos estranham o fato da minha música ter origens caipiras e eu ser caiçara, nascido em Santos. Vejo isso como uma questão puramente familiar; são fatos circunstanciais, apenas. Passei a infância em Ubatuba e a adolescência no interior do Estado. Meu pai melhorou de emprego com essa mudança; eu e meu irmão já estávamos em idade escolar; Taubaté, naquele momento, era mais conveniente. Mudamos para lá. E foi muito bom! A música, em Ubatuba, já fazia parte do meu dia-a-dia. Das atividades familiares a que mais me interessava era a música; todos tocavam e alguns eram, verdadeiramente, músicos. Eu poderia ter sido fogueteiro como meu avô Jango Teixeira, que tocava bombardine na banda. Poderia ter sido professor como meu avô paterno, Theodorico de Oliveira, que tem uma linda história intelectual com a poesia e a literatura. Mas a música não me deixou espaços. Quis ser arquiteto por influência de um verso de Manuel Bandeira pregado na parede do atelier do Romeu Simi,; " Passou a arquitetura, ficou o verso." Vim para São Paulo no final dos anos sessenta, por indicação de Luiz Consorte que colocou uma fita com minhas músicas nas mãos de seu tio, Renato Consorte, que a enviou para os ouvidos do Walter Silva. Dei sorte! O Walter era um grande promotor de novos artistas e um homem muito conhecido nos meios de comunicação. As portas se abriram e, logo eu estava no Festival da Record de 67. Minha música era Dadá Maria e foi defendida pela Gal Costa (também em começo de carreira) e pelo Silvio César. Mas, no disco do festival, quem canta com Gal sou eu. Foi minha primeira gravação. Participei daquela fatia da história da MPB como um espectador privilegiado. Sempre procurei conhecer a nossa história musical, ouvir todas as canções e todos os gêneros. Do samba à música caipira. Em tudo que ouvi sempre deparei com o talento e a vocação dos compositores brasileiros. A geração musical que frutificou da Bossa Nova, nos anos sessenta era chocante. Uma linda síntese de tudo que aconteceu de essencial na música brasileira até então. Foi uma festa. Ouvi a Banda do Chico em São José dos Campos, antes do festival e foi um impacto inesquecível. Ainda morava em Taubaté. Ouvi Milton Nascimento antes do sucesso, e era deslumbrante. Todos que o conheceram nessa época, já tinham por ele uma admiração que só os grandes mitos podem desfrutar. Vimos e ouvimos Elis, todos os dias. Assisti bem de perto o surgimento do Tropicalismo. Na virada dos anos sessenta para os setenta a música silenciou. Fui fazer jingles publicitários para sobreviver. Acontece que gostei muito do assunto. Enquanto atuei nessa área consegui realizar um bom trabalho, pois criei jingles que fizeram muito sucesso como aqueles do Ortopé, do Rodabaleiro e do Drops Kids Hortelã, que muita gente lembra até hoje. Nesse tempo já havia me identificado totalmente com a música caipira. Participei efetivamente da Coleção Música Popular Centro Oeste/Sudeste do Marcos Pereira onde gravei algumas canções; entre elas: "Moreninha Se Eu Te Pedisse ". Com meus lucros publicitários e em parceria com Sérgio Mineiro, criei o Grupo Água, que nós dois bancávamos. Tocávamos sem visar lucros. Foi com esse grupo que consegui assimilar o espírito da cultura caipira e projetá-la de uma forma contemporânea para todo o Brasil. Tocamos muitos anos juntos até que, um dia, a Elis gravou Romaria e convidou o grupo para acompanhá-la na gravação. Foi um grande sucesso que mudou minha carreira e criou um grande espaço para que a música do interior paulista invadisse o mercado. Hoje vivemos um processo seletivo e a tendência é que, cada vez mais, as pessoas entendam o que Elis quis dizer, quando gravou Romaria. A parceria com Almir Sater é um grande momento na minha história. Juntos compomos alguns sucessos que são fundamentais para a sustentação das nossas carreiras. As mais conhecidas são Um Violeiro Toca e Tocando Em Frente. Outra parceria importante foi com a dupla Pena Branca e Xavantinho. Nosso encontro foi em Aparecida do Norte no início dos anos oitenta e, juntos gravamos o disco "Ao Vivo em Tatuí", que se transformou num marco no gênero. Aprendi muito com esses dois companheiros, verdadeiros representantes da cultura caipira. A morte de Xavantinho foi prematura, sua partida impediu que pudéssemos usufruir mais da voz deste que, na minha opinião, foi um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos. Meu projeto de vida é dar continuidade ao meu sonho de divulgar e difundir cada vez mais o espírito do caipirismo valeparaíbano; não pela repetição das velhas formas e sim pelo potencial que esse Universo cultural oferece para que, como sempre, a música brasileira avance em direção ao futuro, coerente com a evolução, naturalmente moderna."


Bonito relato, né? Certamente muitos já ouviram falar de Renato Teixeira, mas sei que não muitos conhecem, ou conheciam, sua história. Acho muito relevante a parte em que ele diz que a vida de um artista é tão comum quanto a vida de uma pessoa comum, mas vida e obra acabam andando juntas e uma obra com essa beleza merece ser difundida.
A biografia do compositor foi retirada do site www.renatoteixeira.com.br , no qual encontramos também fotos, discografia, notícias a seu respeito e sua agenda.
Ao contrário do que fiz quando postei as outras músicas, quero deixar a vocês uma pergunta. Renato Teixeira diz que "Hoje vivemos um processo seletivo e a tendência é que, cada vez mais, as pessoas entendam o que Elis quis dizer, quando gravou Romaria". O que ela quis dizer? Aguardo as respostas, hein... Participem!

domingo, 3 de agosto de 2008

"Rosas"

"Você pode me ver
Do jeito que quiser
Eu não vou fazer esforço
Prá te contrariar
De tantas mil maneiras
Que eu posso ser
Estou certa que uma delas
Vai te agradar...
Porque eu sou feita pro amor
Da cabeça aos pés
E não faço outra coisa
Do que me doar
Se causei alguma dor
Não foi por querer
Nunca tive a intenção
De te machucar...
Porque eu gosto é de rosas
E rosas, de rosas
Acompanhadas de um bilhete
Me deixam nervosa...
Toda mulher gosta de rosas
E rosas, de rosas
Muitas vezes são vermelhas
Mas sempre são rosas...
Se teu santo por acaso
Não bater com o meu
Eu retomo o meu caminho
E nada a declarar
Meia culpa cada um
Que vá cuidar do seu
Se for só um arranhão
Eu não vou nem soprar..."

E que mulher não gosta de rosas, hein? Ainda mais “Rosas” da Ana Carolina... Oops, eu disse da Ana Carolina? Desculpem, é a força do hábito - péssimo hábito por sinal! A cantora mineira (minha conterrânea), que é também uma compositora de mão cheia, gravou essa canção que tocou nas rádios por esse Brasil a fora em 2006, no Cd intitulado “Dois quartos”. Ao que parece, a única intérprete a gravar “Rosas” foi Ana Carolina. Mas agora vem a parte principal: afinal de contas, quem fez esse versos tão bonitos? Antônio Villeroy, ou Totonho Villeroy, como queiram. Conhecem? Não? Confesso que também não conhecia, mas as suas músicas há muito fazem parte do meu dia-a-dia e aposto que do de vocês também.

ANTÔNIO VILLEROY:

José Antônio Franco Villeroy nasceu no dia 19 de julho de 1.961 em São Gabriel, pequena cidade de vocação agropecuária, localizada na região do pampa gaúcho, perto das fronteiras com o Uruguai e Argentina. Filho de um casal de advogados, Gil Villeroy e Heloiza Franco Villeroy, Totonho, como era chamado carinhosamente pelos familiares, é o filho mais moço, tendo como irmãos Carlos Eduardo e Gastão.
Durante a sua infância, tem as suas primeiras influências através do gosto musical dos pais, amantes do jazz, da música clássica, popular e regional.Era a época dos grandes festivais, dos programas da jovem guarda, da explosão dos Beatles, e de uma profusão de talentos que emergiam na música brasileira. O ambiente era muito favorável, pois o pai era compositor diletante e tocava piano e violão e sempre havia reuniões com música em casa. Foi nessa época que Antonio ouviu algumas das primeiras canções que lhe marcaram e iriam influenciar suas escolhas e seu caminho musical: Bethânia cantando Carcará, Chico Buarque com Pedro Pedreiro, Gilberto Gil com Domingo no Parque, Caetano com Alegria Alegria, Gal cantando Baby, além das músicas dos festivais e dos embalos dos programas de Roberto Carlos. Também foram marcantes os Beatles com Penny Lane e o cantor regional Paixão Cortes cantando João Carreteiro, de autoria de seu pai.

1970/1979 - PORTO ALEGRA E BANDA DE ROCK

Muda-se com a família para Porto Alegre. Ganha aos 13 anos seu primeiro violão e começa imediatamente a interessar-se pela composição. Tirava músicas de ouvido como aprendizado, mas seu maior interesse era fazer suas próprias criações. Participa de alguns festivais secundaristas e monta com os irmãos e amigos uma banda de Rock chamada A Mursa, que tinha como referências Deep Purple, Jimmi Hendrix, Mutantes, O Terço, e bandas gaúchas como Bixo da Seda. Apesar do gosto pelo Rock sempre continuou atento ao que acontecia na MPB e tinha como discos de cabeceira 'Meus Caros Amigos', de Chico e 'Minas', de Milton Nascimento, esse o disco que definitivamente o levaria a querer compor.

1980/1989 - AGRONOMIA, MÚSICA E RIO DE JANEIRO

Ingressa nas faculdades de Agronomia UFRGS e Economia da PUC. Realiza estágios e desenvolve com colegas um projeto de agricultura orgânica. Integra o movimento estudantil, apresenta-se em festivais universitários, como o MusiPuc, famoso por revelar jovens talentos.
Atua com o flautista Pedrinho Figueiredo em bares e mostras universitárias. Participa de showmícios pelas eleições diretas.
Faz seu primeiro show em teatro: 'Do Outro Lado da Rua', e passa a se apresentar em palcos de Porto Alegre e cidades do interior do Estado. Monta com seu irmão, o contrabaixista Gastão Villeroy, com o pianista Rafael Vernet e o baterista Queço Fernandes a Banda CEP 90.000, que, sempre somada a um naipe de sopros, desenvolvia um trabalho híbrido com composições instrumentais e cantadas de autoria de Totonho, desfiando um repertório que ia do samba-funk a baladas com cores jazzísticas.
A partir de 1985 resolve dedicar-se exclusivamente à música. Muda-se para o Rio de Janeiro, onde estuda harmonia funcional com Jan Guest e contraponto com Koellreuter e faz pesquisas nas áreas de história da música e musiocoterapia. Ganha a vida lecionando violão e harmonia e compondo trilhas para espetáculos de teatro e dança.

1990/1996 -TRÂNSITO, EUROPA E BRASIL FESTIVAL

Retorna a Porto Alegre. Grava seu primeiro disco, 'Totonho Villeroy', com participações especiais de Toninho Horta e Renato Borghetti. Recebe por esse disco o Prêmio SHARP de Revelação da Música Popular Brasileira e Prêmio AÇORIANOS na categoria Melhor Disco do Ano. A segunda premiação se repete em 1995 ao gravar o disco 'Trânsito'. A partir de 1994 e até 2006, passa a fazer tourneés regulares pela Europa, onde realiza cerca de 200 apresentações em festivais, casas de jazz e bares de cidades da Alemanha, Suíça, Áustria, Inglaterra, Itália, Portugal, Espanha e França, Essa última tornou-se sua segunda casa, não só pela descendência de seu nome de família, mas também pela afinidade com a língua e o povo francês. É lá que conhece o produtor cultural François Mas, com quem idealiza e passa a produzir a partir de 1996, o maior festival de música brasileira que acontece regularmente na Europa. É o Brasil Festival, evento com entrada franca que acontece ao ar livre em pleno verão europeu na cidade de Sanary Sur Mer, à beira do Mediterrâneo e onde já cantaram artistas como Gilberto Gil, Milton Nascimento, Jorge Benjor, Lenine, Margareth Menezes, Paralamas do Sucesso, Marcelo D2, Ana Carolina, Chico César, Daniela Mercury, Olodum, Elba Ramalho, Carlinhos Brown, Papas da Língua, Fernanda Abreu, Pagode Jazz Sardinha's Club, Bárabara Mendes, Paula Santoro, O Rappa, Skank, Henri Salvador (convidado especial em 2004), Renato Borghetti, Trio Mocotó, Funk'n Lata, Dudu Nobre, Bebeto Alves e Gelson Oliveira entre outros.

1997/2000 - JUNTOS E ANA CAROLINA

Com os parceiros conterrâneos Bebeto Alves, Gelson Oliveira e Nelson Coelho de Castro grava dois discos, 'Juntos 1 Ao Vivo' e 'Juntos 2 Povoado das Águas', que rendem diversos prêmios locais, como o Açorianos de melhor disco do ano (97 e 2000) e de melhor show (97). Com este espetáculo apresentam-se com sucesso em Buenos Aires, Montevidéo, Paris, Munique e Viena.
Apresenta-se com sua banda em Buenos Aires e é convidado a fazer parte do espetáculo e disco homônimo 'Porto Alegre Canta Tangos', com cantores gaúchos de diferentes gerações como Ruben Santos, Lourdes Rodrigues, Vitor Ramil e Luciana Pestano, acompanhados por uma típica argentina com arranjos do maestro Estebán Morgado. O show estréia em Buenos Aires e depois segue com apresentações em Porto Alegre e Roma.
De passagem por Belo Horizonte, assiste a um show da cantora Ana Carolina, que já era bem conhecida regionalmente. Durante a apresentação escreve quatro letras de música, entre elas 'Garganta', que, depois do show, mostra para Ana, que de cara se diz muito identificada com a música. Alguns dias depois Antonio grava e envia para Ana a canção que viria a ser, em 1999, o primeiro sucesso nacional de ambos, ao ser incluído no primeiro álbum da cantora pela BMG. A música foi tema da novela 'Andando nas Nuvens' e passou a ser executada maciçamente em rádios de todo o país. A partir daí começa uma frutífera colaboração entre ambos e que vem a se materializar em inúmeras canções escritas em parceria e outras que Antonio compõe especialmente para Ana e que se tornam grandes hits da música brasileira.

2001/2005 RIO DE JANEIRO E MUITAS CANÇÕES

Tendo Ana Carolina como sua principal intérprete, Antonio Villeroy muda-se novamente para o Rio de Janeiro e passa a ser um dos mais requisitados compositores da MPB. Inúmeros artistas passam a solicitar suas canções que hoje podem ser ouvidas nas vozes de Maria Bethânia, Ivan Lins, Gal Costa, Mart' Nália, Moska, Paula Lima, Sandy e Junior, Vanessa Camargo, Eliana Printes, Bárbara Mendes, Luciana Melo, Preta Gil, Luiza Possi, Daniela Procopio, Ednardo e Belchior entre outros. Entre outros fatos marcantes ele assina sete canções do álbum mais vendido no Brasil em 2005, o Perfil da cantora Ana Carolina (um milhão de cópias).
Sua obra, considerada rica em imagens, harmonias, palavras, cores, repleta de sabedoria e criatividade é também aproveitada pelo cinema nacional. Entre suas criações para o cinema estão 'Amores Possíveis' em parceria com João Nabuco, música tema do longa ganhador do prêmio de Melhor Filme Latino Americano no Sundance Film Festival, 'Sexo, Amor e Traição', em parceria com Eugenio Dale, do longa homônimo de Jorge Fernando, 'From Ruins of a Town' para o filme 'Neptune's Rocking Horse', do diretor nova iorquino Robert Tate, além de uma versão de 'Que me importa dei Mondo', sucesso de Rita Pavone, para o filme 'O Casamento de Romeu e Julieta', de Bruno Barreto.
Sua facilidade com a palavra o torna um homem de muitas línguas. Dentre suas inúmeras canções, algumas foram compostas em diferentes idiomas. 'Una louca tempestad' é um exemplo de que o espanhol e a proximidade com sua terra natal, reforçam seu tom latino. Em seu segundo disco, 'Trânsito', encontram-se a canção 'La vague vá', escrita em francês e 'From Ruins of a Town', em inglês. Em seu mais recente álbum, uma bossa em italiano, 'Siamo Così', em parceria com Daniela Procopio.
Com espírito cosmopolita, Antonio estabelece parcerias musicais com autores e compositores de diversas procedências, como o italiano Antonio Galbiati, fornecedor de hits de Giane Morandi, Laura Pausini e Eros Ramazzotti, e com americanos, como Don Grusin, Charles Midnight, Jeff Franzel, Eve Nelson, Rich Nehars, Rhyan e Marshall Altman.
Lança em 2004, pelo seu selo Pic Music, o seu primeiro álbum gravado ao vivo é indicado ao Grammy Latino 2005 de melhor canção da Língua Portuguesa com a bossa 'São Sebastião' dedicada à cidade do Rio de Janeiro, uma obra-prima segundo o cineasta Walter Lima Jr.

2006/2007 UM PASSO À FRENTE

Em 2006, para marcar um passo à frente na sua carreira, se firmar também como intérprete e expandir o mercado internacional, Totonho passa a assinar Antonio Villeroy.
É lançado em CD e DVD o show 'Sinal dos Tempos', gravado ao vivo com a participação da Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro de Porto Alegre, das cantoras Ana Carolina e Daniela Procópio e do compositor e pianista João Donato.

O cara não é uma fera? Merece nossos aplausos! A biografia foi retirada de seu site, http://www.totonhovilleroy.com.br/. Neste site vocês encontrarão muitas informações sobre sua vida e obra e eu garanto: vale a pena conhecer o trabalho deste compositor!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Não aprendi a dizer adeus"

"Não aprendi dizer adeus
não sei se vou me acostumar
olhando assim nos olhos seus
sei que vai ficar nos meus a marca desse olhar
não tenho nada pra dizer

só o silêncio vai falar por mim
eu sei guardar a minha dor
e apesar de tanto amor vai ser melhor assim
não aprendi dizer adeus, mas tenho que aceitar

que amores vêm e vão, são aves de verão
se tem que me deixar, que seja então feliz
não aprendi dizer adeus, mas deixo você ir

sem lágrimas no olhar, se o adeus me machucar
o inverno vai passar e apaga a cicatriz"

Linda, não acham? Quem foi que nunca pensou nessa música ao se lembrar daquela pessoa que foi embora? Pois é, mas, ao contrário do que muitos possam pensar, ela não é de Leandro e Leonardo, é uma composição de Joel Marques, um compositor bastante conhecido, solicitado e respeitado no mundo sertanejo. Não aprendi a dizer adeus foi sim gravada pela dupla goiana Leandro e Leonardo em 1.991, mas foi gravada antes e depois disso por outros cantores, tais como: Juliano Cezar; Chitãozinho e Xororó; Meninas cantoras de Petrópolis; Gleno Rossi; Zezé di Camargo e Leandro (em uma das edições do cd Amigos) e pelo próprio compositor em dupla com Randall.

JOEL MARQUES

Por ele mesmo...

“Nasci no Rio Grande do Sul, minha cidade natal, Lagoa Vermelha, que fica entre as cidades de Vacarias e Passo Fundo. Meu nome de batismo, João Miguel Marques de Medeiros, sou filho de Joaquim Marques de Medeiros e Almerinda Lourdes Oliveira Medeiros. Minha mãe, dona de casa. Meu pai, capataz de uma madeireira, trabalhava de sol a sol para sustentar uma família que não parava de crescer, (sou o mais velho de 8 filhos) e com 11 anos de idade já começava a ajudar meu pai no escritório da madeireira, aprendendo aos poucos com o Seu Ney, como todos o chamavam, o contador da firma, a fazer os cálculos das cargas dos caminhões que transportavam a madeira para outros estados e até para fora do país e a também preencher as notas e manifestos que se faziam necessários para que a carga chegasse sem nenhum contratempo ao seu destino certo. Meu pai tocava violão e gaita, ou seja, acordeom lá no sul se chama gaita mesmo, e eu o admirava pois tinha já aprendido a gostar das músicas que ele tocava e cantava e sentia uma vontade imensa de poder fazer o mesmo, pois estava no sangue, ou quem sabe na alma aquele dom que me puxava cada vez mais para o lado da música. Um belo dia meu pai chegou com um acordeom novinho em folha, e disse à minha mãe que não era para ninguém mexer, mas para mim foi como se ele me tivesse autorizado, pois logo comecei a tocar escondido e a aprender alguns acordes que quando ele menos esperou, lá estava eu, tocando sua gaita qual ele sentia um ciúme danado. A partir daí começamos, eu e meu pai a tocar nos bailes e festas que aconteciam na cidade e nas vizinhanças e fui desenvolvendo cada vez mais o meu dom de tocar e animar o povo que sempre alegre, nunca deixava de comparecer e nos prestigiar com sua presença.A jovem guarda estava uma brasa mora com o tal de Roberto Carlos fazendo o maior sucesso. Eram grupos musicais como Renato e Seus Blue Caps, The Jordans, Os Incríveis, Os Mutantes, entre outros. Era Ronnie Von, Eduardo Araújo, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, e tantos outros, e os bailinhos acontecendo nas casas dos amigos e a gente cantava tudo que tocava no rádio.Veio então a influência das guitarras e eu não poderia ficar para trás. Meu pai sempre teve aquele seu violão velho e eu mais uma vez, escondido dele, comecei a invadir seu território. Nasciam então os primeiros acordes e novamente de uma maneira natural aprendi a tocar violão.Arranjei um parceiro para tocar nas festinhas, nos clubes, nas garagens, nos salões, pois então a música mudara de estilo e meu pai um pouco contrariado com o meu novo parceiro acabou deixando o barco correr, apenas me aconselhando a continuar trabalhando no escritório de dia e estudando à noite. Era um garoto como eu e filho de nossos vizinhos. Tocamos muitos bailes pela região e fizemos um relativo sucesso, pois nos aprimorávamos cada vez mais tocando o que de mais recente havia nas rádios e agradávamos jovens e velhos tocando e cantando músicas de todos os tempos e estilos. Fizemos uma boa parceria e por algum tempo tocamos e cantamos juntos até que eu, um pouco mais velho, já com uns 17 anos fui convidado para fazer parte de uma banda e formamos o grupo Viva a Gente, onde fiquei por algum tempo, depois o grupo acabou. Veio então a vontade de viajar, conhecer novos horizontes, pedi ao meu pai para sair do escritório e largar os estudos pois achava que o meu destino era outro. Não houve jeito, sua intenção era que eu trabalhasse no escritório até me formar em contabilidade, pois já fazia eu então, todo o trabalho do escritório, só não podia assinar, pois não tinha diploma de formatura. Mesmo assim, por várias vezes dei umas escapadinhas, viajando pelas cidades vizinhas para cantar para os amigos que conhecia em minhas rápidas andanças, ia e voltava, voltava e ia, e já ficava difícil continuar na minha pequena cidade.Um certo dia fui convidado a ir até Porto Alegre participar de um programa de televisão apresentado por um tal de Júlio Rosemberg, que fazia uma espécie de programa de calouros cujo finalista ira até o Rio de Janeiro se apresentar no Chacrinha. Fui para o RJ e cantei no programa do Velho Guerreiro. Era época da Páscoa e eu me lembro que segurava um ovo de páscoa que se derretia em minha mão enquanto eu cantava, não sei se pelo calor dos refletores, ou pelo emoção de minh’alma. Valeu a experiência. Um dia ganhei um violão de uma namorada e veio novamente aquela vontade de pegar a estrada. Desta vez eu já deveria ter uns 19 anos e para meu pai já estava na hora de eu me decidir. Peguei uma mochila onde coloquei minhas roupas, peguei o violão e fui pra estrada. Minha mãe não queria que eu fosse, mas também não queria me contrariar, então me acenou, chorou e ficou a olhar meus passos indo embora. E eu fui.Uma carona aqui, outra carona ali, acabei chegando em São Paulo onde com algumas informações consegui vir da marginal até a rodoviária já com vontade de voltar pra casa, pois sem dinheiro nenhum e sem amigos, num lugar totalmente desconhecido e grande fiquei apavorado. Acabei dormindo num banco da rodoviária até ser acordado logo de madrugada por um senhor que me perguntou se eu tocava aquele violão que estava comigo. Disse que sim e antes mesmo que eu me desse conta estava tomando café numa padaria perto da rodoviária. Tornamo-nos amigos pelas circunstâncias, ele boêmio e eu, um estranho na cidade sem conhecer ninguém. Por sorte ele conhecia a noite e me levou em algumas boates onde comecei a trabalhar com a música. Cantei praticamente em quase todas as casas noturnas até conhecer alguém que em 1977 me levou até a CBS onde com muita surpresa fui contratado para gravar meu primeiro LP. Tinha eu 8 músicas de minha autoria nessa época e jamais me sentira um compositor, mesmo assim pelas minhas 8 canções fui contratado por 2 anos e tive tratamento de artista de sucesso, ganhando valores e bens, para assinar o contrato, em um advance considerado ótimo para a época. Como acharam que o meu nome era um tanto extenso para facilitar a assimilação do público resolveram que eu deveria escolher um nome mais comercial, como eles diziam, então, pra não fugir do meu próprio nome, fiz uma fusão das sílabas JO do nome João e EL de Miguel e acabou ficando Joel, Joel Marques. O disco acabou ficando na gravadora e não saiu nem para as lojas de discos por razões que a própria razão desconhece e isso fez com que eu me dedicasse totalmente às composições, mesmo com a dificuldade de gravar minhas canções com artistas de grande expressão.Em 1981 conheci através de José Homero, a grande dupla sertaneja, Chitãozinho & Xororó que gravaram minha primeira música gravada por eles, Pés Descalços, a segunda, Não Desligue o Rádio e depois desse dia, nunca mais parei de ser procurado para mostrar minhas músicas. Hoje conto com mais de 1300 músicas, das quais quase 1000 já gravadas. Tenho uma mulher maravilhosa que sempre me acompanhou e deu força nos momentos mais difíceis, Ivone, tenho uma filha já na faculdade que é a razão do meu viver, Mariana.
SOU FELIZ

Aprendi com a vida uma lição: Você nunca deve desistir dos seus ideais, mesmo quando seus ideais desistem de você.”

JOEL MARQUES

Dentre os artistas que gravaram suas músicas, estão:

Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo, Daniel, Zezé Di Camargo & Luciano, Juliano César, Fátima Leão, Sérgio Reis, Valderi e Mizael, Mococa e Paraíso, Pena Branca e Xavantinho, Tonico e Tinoco, Lourenço e Lourival, Sula Miranda, Sula Mazurega, Roberta Miranda, As Mineirinhas, As Marcianas, Felipe e Falcão, Suzamar, Wilson e Soraia, Ataíde e Alexandre, Rouxinol e Sabiá, Marcelo Costa, Marcelo Aguiar, Marcelo Aguiar e Fernando, Augusto e Gustavo, Clayton Aguiar, Nilton César, Oswaldir e Carlos Magrão, Rui Biriva, Berenice Azambuja, Alencastro, Donizeti, Matogrosso e Mathias, Matogrosso, Agnaldo Timóteo, Angelo Máximo, Barrerito, Trio Parada Dura, Barros de Alencar, Beto e Betinho, Bianca, Bob e Robson, Bruno e Marrone, Carlos Cézar e Cristiano, Carmen Silva, Célio Roberto, Charles e Pierre, Chico Rey e Paraná, Cleyton e Cristiane, Cleyton e Camargo, Dalvan, Diana, Diego, Diego e Danimar, Durval e Davi, Gian e Giovani, Gilberto e Gilmar, Irídio e Irineu, Irmãs Barbosa, Joaquim e Manoel, José Luiz, João Mineiro e Marciano, João Renes e Reny, João Mineiro e Mariano, João Mulato e Douradinho, Léo Canhoto e Robertinho, João Roberto e Robertinho, Juno, Junio e Julio, Liu e Léu, Luiz Gustavo e Rafael, Maracaí e Marco Antonio, Matão e Monteiro, Mauricio e Mauri, Peão Carreiro e Zé Paulo, Rudi e Roney, Renê e Ronaldo, Rick e Rener, Milionário e José Rico, Chrystian e Ralf, Gleno Rossi, Daniel, Ronaldo Viola e João Carvalho, Sandy e Junior, Nalva Aguiar, e muitos outros.

Muita coisa, né, gente? Muitos sucessos sertanejos, como Não desligue o rádio, No dia em que saí de casa, Voando sem asas, Entre ele e eu, Só quero te dizer,O último dos apaixonados, são criações também deste compositor gaúcho. A biografia e outros dados foram retirados do site : www.joelmarques.com.br . Site que recomendo a todos. Lá vocês encontrarão todas as composições de Joel Marques, informações sobre sua carreira, fotos e também poderão ouvir trechinhos de algumas músicas, além de encontrarem um endereço eletrônico para contato.

Espero que tenham gostado e que não se limitem ao conteúdo desta postagem, pesquisem mais e se surpreenderão, tenho certeza!